quero comer o lápis a folha e a poesia
pular por cima da alma
ferir minha auto estima
com inveja da primazia
quero ser grande como o ponto
único máximo onde se pode chegar
de horizonte a horizonte buscar
diminuindo a distância do canto
a agonia me beijando a boca do estômago
sentimento canibal de quem reclama
das dúvidas de quem diz que ama
ciúmes um índio antropófago
deixar levar pela correnteza do rio
andar por onde andam todos
não deixar de entrar pelos esgotos
sair pelo bueiro e encontrar o meio-fio
a visão do cinza não incomoda
avisar a brisa que venha
definir com ciência o sentido da revolta
conseguir se libertar sem precisar de senha
engomar uma calça
rir da própria desgraça
satirizar a vida
quando de descanso imitar a lida
quero beber a letra a tinta e a forma
ResponderExcluirdançar um rito profano
arrancar minha entranha que destroça
um único laço cigano
quero voar como asas de pegaso
a verdade pura do conto
dedilhando no azul do acaso
cortando em partes: um ponto
a leveza dissecando o corpo
em carne viva de tanto gozar
na paz do animal morto
um suspiro último pulsar
levitar entre nuvens pesadas
sentir o vento do norte
lançar-se inteira à sorte
por Silfos ser extasiada
escorrer pelo magma das pernas
o gelo do grelo duro
explodir em noites eternas
os cacos do pássaro prematuro
lixar a unha comprida
e descascar a ferida
sorrir à própria vida
quando ela lhe parecer fodida
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