12.4.13

o que deveria ser almoço sexta-feira interrompida pelas canções de amor da Liberdade




ali onde o primeiro beijo aconteceu
acendo um cigarro e abro uma cerveja
ao meu lado anciões niponicos cantam em unissono um refrão de luiz gonzaga
a intimidade com a terra que nunca tive
hoje obrigados a viver em caixas de concreto no bairro da Liberdade

choram a dor de deixar o que lhes parecia seu
eu a dor dos amores que invento
das dores ilusórias
e nas minhas costas as marcas do que me parece um grande fingimento

peço um isqueiro e a moça me oferece um sorriso em brasas
a estranha sensação de que não sou daqui
me leva embora das canções de amor

Pergunto em frente a uma estatua de Buda
Onde andará Kalishnikov?

meu coração o buraco no viaduto Dona Paulina se desconstrói
assim como o teto sem estrelas da travesti viciado em pedra

aperto o 12 um botão dentro da clausura de metal que me eleva
e a vida se esvai em papéis sem importância e a tela de um computador
a sensação muda

eu não deveria estar aqui

Um comentário:

  1. aqui e ali, meu caro Corvo
    tanto faz se eira e beira nunca estiveram nas casas
    lá e acolá, talvez, devesse estar
    se cada concreto, ao invés de asfalto fizesse poesia
    deveria estar próximo
    de si

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