14.12.14

seria 'meu rei', mas sou anarquista

sinto teu cheiro chegando com o vento da manhã
sinto a brisa de Itapuã no sussurro enforcado do asfalto da avenida São João
sinto teu riso no acorde frouxo do meu violão desafinado
sinto tuas mãos na trombada de um paulista apressado pro trabalho
sinto forró aqui, entre tantos Silvas, comendo arrumadinho com farofa
sinto teu gosto na pimenta que nunca arde tanto quanto meu peito inflamado
sinto teu sotaque nas minhas linhas tortas, passos tortos, olhares tortos
sinto você dentro, não fora
como se a cada naco de vida tivesse dendê
a cada lufada de ar houvesse tua pele contra a minha
e é sempre fevereiro.

Um comentário:

  1. O rei, a rainha de seus desejos, senhor de sí, nunca de outrem.
    Este poema apimenta a alma de leves turpores orgásticos.

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