16.4.13

tango

revolto e solto:
f      l     u    t   u  a
estranhamente ao corpo inerte
a alma se atira e bebe
todo o éter a sua frente
d e  m    e    n     t      e

passa perna toque intenso
tira os braços gira tempo
torce as costas olhos nus
peito aberto a mão conduz
e para.

um
ú n  i   c    o
avança balança
pende insólito gentil
quente lânguido febril
a cruzar dedos em carmim
cabelos presos aos pássaros
gesto e som e cheiro e luz
magníficos
m         a       g       n      í     f     i    c   o  s

rasteja peleja e grita
a voz que não cabe na garganta
sente encolhe vibra pulsa
foge
corre
escorre
sofre
a procura da boca
de uma
de um

Gardel.


Um comentário:

  1. quando o corpo procura forma se perde nas possibilidades de ser o mais simples: apenas escorpião-ourobouros

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