12.11.11

memórias



Sobra algo, no fundo da cachola, que eu costumava chamar antimatéria.
Não que haja (hoje) algum deleite com a física, mas recordo dela por ter passado as vistas sobre a palavra nalgum livro de concreta do Antunes.
E sempre penso em tudo transformando-se antimatéria: fagulhas, explosão e vazio.
Um monte de nada.
Uma enorme pilha de nada.
E as memórias? O que é acabar? Haver vazio é normal.
A convivência com o vazio é normal.
Mas percebo o vazio porque, óbvio, percebo o que é preenchido. Ou seja, o cheio.
E quando só há vazio? Não concebo.

Será o fim um contínuo do tempo?
Quando criança imaginava as pessoas todas na parede, tudo branco, todos de branco, descalços, em fila Indiana numa parede infinita. Isto era o fim.
O mundo se acabou.
Acabou chorare.

Hoje imagino o fim como o looping eterno do tempo.

Prefiro as memórias.

19.10.11

Desse Pensamento (e ainda tem coisa hein...)

Em qualquer encontro quem dirá? O que foi? O que foi? Sempre perguntando xs apaixonadxs, que já esperando um: - O que foi oque? nada ué! O que foi?!? - resposta já manjada dx outrx apaixonadx. Não se explica os olhos se cruzando no metrô, até que chegue a estação em que erra o piloto ao anunciar se retificando, era linha azul e o cara citou logo a linha vermelha, sorrimos, será que era mesmo aqui que iriamos descer pra encontrar um canteiro e eu te tocar uma música no violão, lógico tudo errado, mas a música é minha e eu toco como quero, não sei cantar mas é pra você essa outra canção, sim já fiz músicas pra outras pessoas, mas é dessa que eu estou falando não mude de assunto. Agora como faço pra dizer pros seus pais? e pros meus devo dizer algo? Porque a gente não aluga um mutuca lá no quinto dos infernos e manda tudo pra puta que o pariu?! Como eu te mando sms à cobrar? e se eu estiver sem celular, procuro aquele lance da internet pra dizer boa noite e pedir um bocado de coisas nessas entrelinhas. E agora to correndo aí porque quero um abraço, não sou emo sou romântico será que você não entende? é muito ? Vamos lá nós dois mendigar atenção um do outro, vamos lá outra vez entrar no cinema, mão no joelho, antebraço no pescoço, seu cabelo tá embaraçado na minha mão e agora? Sobre o que era o filme mesmo? Exposição de qualquer pintor que eu nunca ouvi falar mas que você sempre disse e eu nunca pesquisei até você me convidar, até achei legal, mas prestei muito mais atenção em como você analisava tudo aquilo. Vamos tirar fotos no centro de são paulo, se chover rola um efeito legal, quis sugerir um foco, você já tava ali fazendo antes de eu sugerir. Ouve esse som, lembro muito de você quando ouço, parece tanto com a gente... Ah é porque? ah sei lá olha só essa parte, volta voltaaaaa. Ah nem curto muito esse tipo de voz. Poxa pausa esse filme e vamos transar, odeio filme desse tipo, que tipo ? acabou a camisinha? foda-se! qual vai ser o nome? ah eu penso em alguma coisa a ver com a natureza, ou indigena, ah eu já gosto mais de nomes franceses. Vamos comprar pão to com fome! Fazer miojo ou velas, escrever um texto ou pintar uma camiseta... vai ter tanta coisa assim no ar, fluindo fluindo numa criatividade infinita de qualquer coisa que a gente sabe o porquê mas não admite que é: exemplo,patinetes,férias, outono.

16.10.11

sobre os (des)encontros

afinal a vida é feita de encontros, mesmo que haja tanto desencontro.

encontrar e perceber o encontro é, demasiadamente, duma naturalidade quase imperceptível.
O tato, o sentir do outro tão próximo, quando há encontro, é tão sutil e tão perfeito que não há consciência da grandeza do momento
como um quebra-cabeças montado
por uma criança que procurou cada peça em meio ao tapete da sala
jogadas
despedaçadas
e
de repente
eis que surge
o entrelaçar de peças
e está feito.

O indício do encontro é o sorriso
não o sorriso que aprende sorrir
mas o sorriso d'alma
que flui, que escapa, que pula
pelos olhos, pela boca, pelas mãos, pelos joelhos
e conecta-se a outro
magnéticos
epiléticos
cinéticos
ou
silenciosos.

e entre tantos encontros cortados
abraços partidos
há esses que nunca pude sorrir
outros que nunca pude encontrar
e o Maior
o encontro que nasce com hora marcada
o intimo exposto sem pudor
sem espelhos
pelas entranhas
este Grande
o encontro que preenche a metade
que desenha o óbvio de si
encontro de mim com o Eu
tenho certeza:
nunca acontecerá.

5.9.11


Na madrugada do sábado para domingo, no cubo uma coruja & eu trocávamos uma ideia muito interessante até que em algum momento eu fiquei falando alguns minutos sem perceber que a coruja já estava aconchegada em seu ninho onírico. Ao acordar e ajudar com as coisas de casa, bradei: Vamos pra sé! Entorpecidos de sanidade e com uma garrafa de água de 1,5l, pegamos a lotação, metrô e chegamos. Nas escadas rolantes já sentimos o cheiro da farmacologia esquizoconsciente, algumas poucas pessoas, alguns invisíveis sociais e muita fumaça, seguimos com a sequencia e compramos outra garrafa de líquido vital, o som invadia a babilônia de uma maneira que comentamos: matar as estruturas sem destruir a vida, e nos sentíamos assim naquele sol e naquela ilha, numa especie prática de rachadura do monolito. Trocamos olhares com todos e decidimos começar a dançar ainda tímidos, as pessoas começaram a chegar aos montes e também perdendo a timidez se aconchegaram mais próximas dos graves pra poder dançar e colorir o cinza bloco de pedraconcretovitae. Comecei a me apaixonar, por uma duas três, sem falar, sem tocar, apenas imaginei que todas pessoas estavam ali bonitas. Caira e levantamos, Roberto Carlos? Black Sabbath? quer um pega?
Era early reggae, ska, dub, roots e o free dance dos invisíveis.
No saldo finale senti liberdade nos poros, platonismo na cabeça e muita vontade de andar por aí pra esbarrar em todos, sem medo, sem violência, consciente enquanto estiver nos furos da malha, porque ali a realidade se torna tão bela que não é preciso e seria até um desperdício tentar fugir dela.

26.7.11

Desse Pensamento (e continua.... )

                                         
"MANDALA - AMOR - Excesso (ou falta) de,"


     Ah meu caros, digo: meu amores!

Sim, todo vocês a quem sou completamente apaixonado! Cá escrevemos, cá elucidamo-nos e completamo-nos!
Mas em que consiste essa fragilidade absoluta chamada amor? Em quais contextos subatomicamente somos completa(ou incompleta)mente necessitados de carência!





Cabe-nos algumas definições(só para parecer acadêmico, by wiki):

  • Eros (amor) - um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física
  • Psiquê - um amor "espiritual", baseado na mente e nos sentimentos eternos
  • Ludus - o amor que é jogado como um jogo; amor brincalhão
  • Storge - um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base em similaridade
  • Pragma - pragmática amor, amor que visualiza apenas o momento e a necessidade temporária, do agora.
  • Mania - amor altamente emocional; instável; o estereótipo de amor romântico
  • Ágape - amor altruísta; espiritual
      E dizem que as mulheres tendem ao PRAGMA e ao  STORGE e os homens ao MANIA e LUDUS(e também a primeira vista EROS). Meu Deus, como as mulheres são sérias e práticas ! E como estes homens são imaginativos, infantis e carentes!

E ainda temos o ideograma chinês 爱 (pronucia-se AI) !!!AI PRA TUDO ISSO!!!

Já basta definições. Todas essas são carências. Jesus Cristo,(aquele superestrela) pregou muito do amor ao próximo. É esse o caminho? Só o começo dele.

A Questão é - é necessário este amor? Seria alguma espécie de busca, ou origem? Não seriam todas essas definições alguma tentativa, exposta em diferentes manifestações no plano real, da eterna busca do ser? Como nos indica a mandala, o Masculino e Feminino(que todos temos em nós mesmos) eternamente se envolvendo e se devorando. As dualidade básica da existência é expressa numa repetitiva busca fadada a inúmeras tentativas e fracassos.

Ou por acaso, além dos filmes de Leo DiCaprio, conhecem algum amor que exista em dois? Ou será que estamos procurando no lugar(ou nas pessoas) erradas?

Enfim, arrisco-me: Estou parabolicamente amando!
Cada um de você a minha maneira, pode ser assim?

31.5.11

Tratado ofídico

Pesquisadores e biólogos atuais recentemente descobriram duas novas espécie de serpente peçonhentas da mesma família: a Ophidius escritoriuns e a Ophidius diretorium.
As duas espécies foram descobertas na cidade de São Paulo e são recorrentes nos principais centros urbanos do mundo, o que leva os pesquisadores a acreditar que são espécies novas e derivadas de outras mais antigas como a Serpentis linguarudum, essa que era encontrada nas zonas rurais e nas regiões mais afastadas mas acabou migrando para regiões mais desenvolvidas também, mas pesquisas mais aprofundadas sobre essa conexão ainda não foram estabelecidas, apesar da teoria de que as espécies urbanas foram selecionadas por sua adaptabilidade ao meio estar embasada muito fortemente pela Lei de Seleção Natural de Darwin.
As duas espécies apresentam diversas semelhanças, mas ainda possuem algumas diferenças significativas: a primeira, Ophidius escritoriuns, ou pelo nome vulgar, Sucuri de baia, encontra-se principalmente em grandes escritórios e lugares com grande movimentação de pessoas, sendo essa a principal causa da sua passagem despercebida. Deve-se tomar cautela com a Sucuri de baia pois ela destila sua peçonha, que não é tão forte, mas pode causar um grande estrago, de forma sorrateira e principalmente em pontos vitais da vítima, outro risco que essa espécie pode oferecer é que ela tem o costume de se enrolar nos tapetes de seus habitats e causar um puxão repentino desse tapete, provocando a eventual queda daqueles que estariam sobre a peça sem desconfiar de qualquer movimento.
A segunda espécie, Ophidius diretorium, conhecida popularmente como Naja-pavão rainha parece ser parente direta da espécie conhecida pela tribo Xavante como Jararaca-chefia fidapunhoca principalmente por seus hábitos e formas de relacionamento. A Naja-pavão rainha também é encontrada em escritórios, mas ela apresenta uma característica interessante em relação à Sucuri de baia: também é encontrada em escolas, mas felizmente sua vista é rara em salas de aula, ela geralmente faz das salas diretivas seu principal habitat. Esse tipo de Naja, diferentemente da Sucuri de baia, geralmente não se mistura às grandes multidões e gosta de ser bastante notada quando aparece, e destila seu veneno, que é um dos mais poderosos do mundo, em qualquer um que tente obstruir sua passagem ou que esteja próximo, por isso a melhor forma de se prevenir de uma picada da Naja-pavão rainha é a distância, pois ela é extremamente rápida e resistente, sendo que é muito difícil de se abater.
Esse estudo aprofundado sobre essas duas espécies encontradas pode ajudar a humanidade com o maior entendimento da fauna das grandes cidades e com isso estudar a melhor forma de se conviver com esses animais, de forma que não eles não invadam os centros urbanos mas também não tenham seu espaço invadido.

CadeiaTour

Antes de iniciar este post quero deixar claro que não possuímos nenhuma ligação com a Maxxwell`s Corporation, somos apenas amigos de longa data desta grande instituição, e até mesmo usuários de muitos de seus fascinantes produtos.

Numa visão foucaultiana as prisões são instituições de controle, que servem para manter afastados alguns elementos com comportamentos avessos à ética proposta por um contrato social ditado pelas camadas superiores da sociedade. Mas a Maxxwell´s Corporation trouxe a tona seu mais novo empreendimento que coloca em cheque, sim em cheque, já que além dos principais cartões de crédito também é possível pagar com um borrachudo esta incrível experiencia turística, levando você para conhecer as prisões mais famosas do mundo ainda em atividade.
A proposta da CadeiaTour é levar o individuo ao contato direto da realidade vivida pelos internos destas prisões, conhecendo ali dentro uma nova sociedade, com leis próprias e que limpam o rabo com o regimento estatal. O turista que procura a CadeiaTour deve assinar um termo de responsabilidade alegando estat de acordo e sob sua total responsabilidade, possíveis acidentes ou até mesmo óbito que possa ocorrer durante sua estada em qualquer um dos pontos de turismo oferecidos pela CadeiaTour.
Vou aqui descrever aqui algumas opções também oferecidas com custos adicionais baixíssimos, você pode optar em fazer a viagem já no camburão, ônibus penitenciário ou furgão, também pode optar por fazer a viagem já algemado, estas são as opções de transporte. Já entre as opções de estadia, você pode optar pela solitária, solitária e acorrentamento, corredor da morte, celas superlotadas ou as celas especiais, destinadas aos mais abastados, que inclui uma TV de 14 polegadas.
A CadeiaTour oferece para o público prisões na Tailândia, Estados Unidos, Brazil (sucesso!), França, Turquia, Venezuela e Suriname. Você terá a oportunidade de estar em contato direto com grandes estupradores, torturadores, assassinos, serial killers, esquizofrênicos e todo tipo de infratores, menos no caso da solitária, que dará apenas contato direto com os punhos dos agentes penitenciários. Terá ainda a oportunidade de banhos de sol(atenção: nem todos os destinos incluem esta opção), sexo anal e celular a vontade para poder ligar para as pessoas distantes e contar as deliciosas experiências que tem tido durante a viagem.
O nicho de consumidores deste serviço é bastante amplo, incluindo masoquistas de todos os tipos, cientistas sociais, antropólogos, psiquiatras, psicólogos, estudantes e até mesmo casais em lua-de-mel que tem o serviço exclusivo da visita intima.
Bom gente, aqui fica a dica de onde passar as próximas férias, faça já sua reserva, suas malas e orações, embarque também nesta chocrível viagem até o lodo.

27.5.11

Misantropia: estilo de vida, doença, mimimi ou simplesmente o contrário de filantropia?

Muitas vezes ligada à melancolia, a misantropia vem se tornando um hit de sucesso nos meio mais populares e comuns, antes só destinada a grandes pensadores atualmente qualquer um pode se autodenominar misantropo. O que vem ao caso é definir este puro estado de aversão social, antropofobia, isolamento e apatia pelo convívio social. O misantropo como muitos especialistas definem é por natureza tímido e fundamentalmente introvertido, posso discordar plenamente dos especialistas, o misantropo justamente por não dar valor as coisas de natureza humana pode vestir diversas indumentárias para ter por si só um isolamento mais profundo, o que faz com que apenas ele perceba a distância de si em relação à sociedade, afinal, o misantropo não faz a mínima questão de expor seu isolamento social, que se exposto acarretaria em ter de se explicar e isso seria dar importância ao próximo ou receber cuidados de outras pessoas o que seria abominável. para o verdadeiro misantropo.
Não estão doentes pois não querem nem necessitam de cuidado, a misantropia não é escolhida como estilo de vida, ela simplesmente escolhe o ser humano apropriado para que este queira simplesmente passar ao estado de não-ser, logicamente pessoas do mainstream, mesmo aquelas que se declaram misantropo, não poderiam e nem seriam escolhidos, o estado de não-ser é exatamente o oposto de se tornar algo ou estar em constante mutação, a mutação é uma característica fundamental para o ser, logo menosprezada pelo misantropo que prefere estar simplesmente na eterna constante, simplesmente na inércia, esta inércia só pode ser mantida se o misantropo não sofrer nenhuma influencia externa, isso explica a sua necessidade do não-contato, eliminando juntamente a possibilidade do suicídio que seria uma brusca força que mudaria sua rota, tirando o misantropo de sua inércia.
Características importantes são o "talvez" e o "ou não" que fazem parte constante dos discursos mais misantrópicos, possibilitando a não-conclusão e a incompreensão textual, deixando para o próximo toda dúvida e liberdade de ação e interpretação do discurso sobre ele.
Para além das fronteiras humanas a misantropia chegou até a música ou melhor a não-música. Ouçam se conseguirem, uma performance do não-musico japonês Masami Akita e seu projeto Merzbow http://www.youtube.com/watch?v=YkW3cQiH-pE.

9.5.11

Cadeira

Meus amigos e amigas,
tomo a iniciativa de começar esse espaço de discussão de argumentação totalmente online propondo um manifesto/movimento:
O movimento do encadeiramento.
Mas o que seria o encadeiramento?
O encadeiramento pode estar relacionado à diversas coisas, geralmente está ligado a momentos de estupefação ou surpresa, gerados por comentários completamente situados no contexto, ou completamente fora de contexto, mas sempre lembrando: discursos ou comentários encadeirantes, ou simplesmente CADEIRA, são sempre feitos por indivíduos do mais alto grau de conhecimento de mundo(seja ele qual mundo for...)
Sabendo agora o que é o encadeiramento, vamos à proposta desse movimento: encadeirar o maior número de pessoas possíveis nas diferentes situações e localizações imagináveis. Pode-se encadeirar na escola, no trabalho, na banca de mestrado, na padaria, na balada, no shopping, na quitanda ou até numa loja de móveis, sendo que a seção de assentos dessa última é a mais recomendada. O encadeiramento também deve ser pregado e alastrado por todo o espectro social possível, sendo uma de suas principais diretrizes a quebra de desigualdades sociais dentro do panorama cadeirístico, tudo por uma boa cadeirância.
Portanto, abro aqui as portas da encadeiração a todos aqueles interessados em fazer parte dessa nova ordem cadeiral que um dia será o príncipio social animal e federal de convivência das espécies.

Exemplo de um encadeiramento nivel 3: Na imagem, o protagonista Chaves de série de TV mexicana tem uma performance cadeirística nível 3, caracterízada por imobilização dos membros superiores em posição relacionada a própria personalidade seguido de curvamento da coluna vertebral devido a um espasmo ou medo de forças de origem extra-sensorial - também chamada no México por PIRIPAQUE.

VER TAMBÉM: PIRIPAQUE (Fonte: Dicionário INformal)
Mal-estar de intensidade alta e de ocorrência geralmente inesperada, ocasionalmente seguido de óbito. Infartos, convulsões, choques sistêmicos, ENCADEIRAMENTO.