8.3.14

frágil [2]

o grito calado pelo beijo
o olhar (des)encontrado
tua mão no meu shimi
a pele rasgada do derbak
os pés que não acham o solo
o sufoco do ar
a pressão do ventre

o susto, num átimo, do encontro entre
olhos
bocas
línguas
corpos
almas
desesperos.

e a mão fluida entre seus cabelos
enroscam nas notas enquanto toca
pele
corda
minha perna responde cega
entre azuis e hibisco
como marionete
ao sorriso tímido entre
tum tá tssss -
aaaaaaaaah
pleno toque surdo
reto e recomeça

e quebra ao ziguezaguear de quadris
como partida ao meio
simétricas espelhadas
minhas partes se desencontram
e se liquefazem
passeiam pela acústica do ud
da rabeca
entram pela lingueta do sopro
e se esvaem no contra-tempo esperado
on
    du
lan
    do

e, de repente,




1.3.14

Episótemo #56#

    Ela, a personagem fictícia denominada Jurema possuía seios morenos da cor da terra molhada. Eram estes pra ela os guardadores da alma, o seus dois pontos mais sensíveis, protetores de toda sua essência e foi quando ele, o personagem fictício denominado Belchior fez um estranho gesto no ápice do ato sexual.
- Slrrrrrppp, hffff - Chupou com toda sua vontade o ponto localizado entre os dois seios de Jurema.
   Jurema sentiu sua alma sendo sugada e não pode deixar de curvar suas costas abruptamente, apontando o queixo aos céus, e com seus os olhos semicerrados, apertou a cabeça de Belchior fortemente contra seu ventre.
    Em seguida, ela abriu as pernas e naturalmente a cabeça deslizou para entre elas, travando-lhe um gancho entre a nuca ao dobrá-las por trás. Quando Belchior tocou com seu lábio inferior os grandes lábios de Jurema (ele já sabia o quão grande eram) ela sentiu uma estranha sensação de querer ao mesmo tempo consumir e ser consumida por aquela boca, engolir e ser engolida; uma dúvida não angustiante, mas inexplicável. Um desejo de se mover e de ficar completamente parada. Esta dualidade durante o sexo ela, com certeza, só atingira com Belchior, não mais com nenhum outro homem. Era apenas ele que lhe provocara uma dupla sensação de querer continuar freneticamente até a explosão orgástica e, ao mesmo tempo segurar aquele momento para sempre, pará-lo no tempo e prolongar aquela sensação efêmera ao máximo possível.