27.4.16

as pernas da cadeira - parte II

rola desembola fenda abaixo corta vira, tudo bem? sorri
tropeça ladeira desce porto geral corre esbarra vence? caí
esbraveja sangra bota mão na coxa estanca espanca? marginal
soco na boca pau pra fora multidão centro sujo gritaria? tropical
ninguém pega mulher só anda de cabrobró a prumirim não presta? festa
acende puxa pega delícia tu gosta poderosa desemboca na sé? fugi
passo perna sem BO gambé não quer chuva do nada e sol? abri
olhar se encontra uma perna um ombro outra do clã? juntou
cabelo unha batom mistura afunda ergue pra tombar? formou
res-pi-ra
face peita toma esfola
cola corta tira
falo falo?
pinga
(do)
cai

porra termina escola celebra busca o quê? sei lá
camelô pente um real fruta transgênico pinico
sede suo absorvo a última dose da garrafinha
azul da torneira que reflete o Sol da fresta
enfrenta adentra concentra isenta INOCENTA

e tá Raparae
tá tinindo
tá trincando
ainda há sim
há tanto
há muito
há gente
a gente.

2.4.16

traga-me água

sede
de fluxo intenso
de terra molhada
de cheiro de chuva
de planta que quer brotar
de coração irrigado
de céu carregado de nuvem escura
e pesada
e desaba
e lava lava lava

sede
de beber rodopiar embebedar
de rio que encontra lago
que desencontra mar
que volta nascente
que até tem bolinha que pinica o nariz!

sede
de correr março
de pingar Carnaval
de pular ondina criança
de dar água na boca
(cala bok e mim bja)
de cachoeiras de mainha Oxum
dum mar de manhosa Iemanjá Odoyá
de tanta água que não da pé
de beira de rio doce nus
de ser só pele brilhante luz e aguada
de ser bruta flor que desabrocha orvalhada