27.4.13

o urro do urso polar vindo do planeta Eternoutono OU Eduardo

Sussurra
urra ternura
forte e'maranhado
intrigado e da-do
espalma e'xpele
pra fora o delírio
da pele grudada
gostosa
gritada e con-
 tida
exala o ardor
despudor
e
tímido
com a fala risonha
de olhos fechados
t-r-a-n-s-c-e-n-d-e
e procura
algum tecido de seda
perdidembrulhado
'nalguma parte do corpo
etéreo
que vibra e jorra
aflora.

16.4.13

tango

revolto e solto:
f      l     u    t   u  a
estranhamente ao corpo inerte
a alma se atira e bebe
todo o éter a sua frente
d e  m    e    n     t      e

passa perna toque intenso
tira os braços gira tempo
torce as costas olhos nus
peito aberto a mão conduz
e para.

um
ú n  i   c    o
avança balança
pende insólito gentil
quente lânguido febril
a cruzar dedos em carmim
cabelos presos aos pássaros
gesto e som e cheiro e luz
magníficos
m         a       g       n      í     f     i    c   o  s

rasteja peleja e grita
a voz que não cabe na garganta
sente encolhe vibra pulsa
foge
corre
escorre
sofre
a procura da boca
de uma
de um

Gardel.


15.4.13

hoje não deu pra ele pensar no pivete sem comida
porque ele tava na hidromassagem do flat

hoje não deu pra ele pensar no pivete sem moradia
porque ele tava num navio de luxo fazendo cruzeiro maritimo

hoje não deu pra ele pensar no pivete sem escola
porque ele tava à 300km/h tirando racha com sua ferrari

hoje não deu pra ele pensar no pivete sem brinquedo
porque ele tava torrando dinheiro no cassino do pai

hoje não deu pra ele pensar no pivete sem infância
porque o pivete estourou o cérebro dele com uma MICRO UZI 1250 tiros por minuto


[Eduardo, Facção Central - Direto do Campo de Extermínio, durante show em 2005]


"EXTRA! EXTRA! Chico Buarque é  artista mais votado de uma enquete feita na internet que perguntava aos internautas qual o artista que eles mais gostariam de ver na Virada Cultural de São Paulo, mesmo com uma oferta de remuneração maior do que é oferecido a outros artistas o cantor se recusa a fazer o show."




12.4.13

A Luneta da GaGa

Eu, que sou um fruto ignorante das telenovelas,
vomitada de um poço seco das entranhas da minha terra,
despercebida, retorço a minha arte, me desentendendo
sei que só postumamente brilharei nas passarelas
------------------------ do arrependimento humano,

Eu, retorcida num saco de estrume, viajarei,
dentro de navios negreiros, e de belos cruzeiros,
serei aplaudida por magnatas, por críticos, por bixas como eu
------------------------ inrrustidas em sua vergonha alheia.

Eu, que e revelei a autenticamente nua.
Que me descobri unicamente podre.
Que aguentei chacotas, que gargalhei junto aos molestadores.
Que bebi do vinho e da chanpagne de um coquetel artístico barato
que expunha ensaios fotográficos das índias tapanaiés,
 em suas lindas ausências de trajes
 -------------------------- a última moda!

Eu, que vomitei no fim da festa, que voltei pra pensão desamparada,
que me arrependi e voltei a me arrepender no dia seguinte,
Que solucei sem ter lágrimas, que clamei desgosto pelo mundo!
Eu, que não aguento ouvir minha própria voz, que fujo dos fantasmas do meu silêncio.

Eu, que sempre precisei de atenção,
Eu, que sempre fui  e sempre acabarei sendo
a alegria da festa.

Nos entulhos suburbanos da babilópole em ascenção rumo ao nada,
resgato, reciclo e reutilizo a luneta da GaGa!

Ela que me dá o olhar de um capitão, e o turbilhão de mil pensamentos,
a percepção de quem vê por baixo: por de baixo das saias!

Senhor@s, em breve o mais no blog: A LUNETA DA GAGA!
http://lunetadagaga.blogspot.com.br/

o que deveria ser almoço sexta-feira interrompida pelas canções de amor da Liberdade




ali onde o primeiro beijo aconteceu
acendo um cigarro e abro uma cerveja
ao meu lado anciões niponicos cantam em unissono um refrão de luiz gonzaga
a intimidade com a terra que nunca tive
hoje obrigados a viver em caixas de concreto no bairro da Liberdade

choram a dor de deixar o que lhes parecia seu
eu a dor dos amores que invento
das dores ilusórias
e nas minhas costas as marcas do que me parece um grande fingimento

peço um isqueiro e a moça me oferece um sorriso em brasas
a estranha sensação de que não sou daqui
me leva embora das canções de amor

Pergunto em frente a uma estatua de Buda
Onde andará Kalishnikov?

meu coração o buraco no viaduto Dona Paulina se desconstrói
assim como o teto sem estrelas da travesti viciado em pedra

aperto o 12 um botão dentro da clausura de metal que me eleva
e a vida se esvai em papéis sem importância e a tela de um computador
a sensação muda

eu não deveria estar aqui