12.11.11

memórias



Sobra algo, no fundo da cachola, que eu costumava chamar antimatéria.
Não que haja (hoje) algum deleite com a física, mas recordo dela por ter passado as vistas sobre a palavra nalgum livro de concreta do Antunes.
E sempre penso em tudo transformando-se antimatéria: fagulhas, explosão e vazio.
Um monte de nada.
Uma enorme pilha de nada.
E as memórias? O que é acabar? Haver vazio é normal.
A convivência com o vazio é normal.
Mas percebo o vazio porque, óbvio, percebo o que é preenchido. Ou seja, o cheio.
E quando só há vazio? Não concebo.

Será o fim um contínuo do tempo?
Quando criança imaginava as pessoas todas na parede, tudo branco, todos de branco, descalços, em fila Indiana numa parede infinita. Isto era o fim.
O mundo se acabou.
Acabou chorare.

Hoje imagino o fim como o looping eterno do tempo.

Prefiro as memórias.