30.8.12

Coisas assim: tão simples


Eis que as folhas caem,
e o receptácolo,
com suas pétalas, e sépalas,
brota.

Com eles o estigma aponta.
E de seu óvulo nasce a primavera.

Mas o neurônio,
aquele pedaço de razão,
com seus ínfimo baluarte empreguinado de morais dominantes,
urra.

Ele quer a eternidade!

Já a possui, mas não a sabe.
Já a detém, mas não a vê.

Pois ela é redonda, como o mundo.

Mas parece plana.




29.8.12

enxaqueca ( pelo encravado na virilha)

quero ser ferida aberta
cicatriz de batalha
doença crônica sem cura

a ânsia pós-trago
o gene que dá cor aos fios
a raiz capilar que te revela

o café amargo pela manhã
batom perdido na bolsa
insônia-madrugada

o corrimento
o corriqueiro
isqueiro roubado

sou teu hálito
teu suor
teu excremento

os meteoros que anunciarão teu apocalipse
o vulcão que irá lhe derreter feito manteiga

bolor que invade tua geladeira
musgo entre os azulejos de teu banho
bactéria estomacal

sou eu

o pedido de demissão
teu abandono
sal que sai dos olhos

o livro que não vai ler
disco inaudível arranhado
palco desmontado

eu te assalto
eu te mato
eu te amo

http://www.youtube.com/watch?v=yDYMfm0JQOE

9.8.12

BRANCO

e vejo o Papel -
não enxergo.

há branco pintado de vazio
há nada ao invés do tudo
aquele que nada gerava
que dizia o Nada

agora um nada diz tudo
mas tudo o quê?